Chega a ser divertido, mas, na verdade, para Verônica era um problema, uma compulsão. Com sensibilidade a flor da pele, falo baixinho: Ela sentia tesão com tudo. Há pouco havia comprado uma luneta para observar outros casais. Tudo em seu quarto a inspirava. Os batons, o desodorante roll on , o vibrador do celular, o seu perfume Cuba, o salto dos sapatos, o espelho da cama. Ela já acordava possuída e depois de uma prévia ia se deliciar com um banho quente. No banheiro existiam mil maravilhas que sempre a deixavam em êxtase. Quase sempre acordava disposta e todos os dias saia perfumada, exibindo seu corpo feito para o pecado. Ela saia para trabalhar sem calcinha, aquela peça a incomodava. Não se continha em provocar todos os homens que via na rua, exibindo seu corpo, seus segredos , suas maldades. Morena estrutural, atormentava seu chefe lhe enviando fotos obscenas embaixo das xícaras de café. Cruzava as pernas de forma indiscreta atiçando os clientes, esbarrava por querer nos office boys , ligava aos amigos com voz de disque sexo; gostava de se sentir desejada, deixar os homens a perigo, ser atacada de todas as formas , ela era insaciável e era a noite que alcançava a sua maestria. Abusava de suas formas e de sua liberdade; andava nua e ficava na sacada do apartamento, com o cabelo dividido em tranças, chupando um pirulito de morango. Os guardas , os garis e os taxistas ficavam loucos e às vezes corrompia até a cabeça dos religiosos que por ali passavam ou de algum trabalhador que voltava para seu respeitável lar. Às vezes fazia a dança do ventre, às vezes uma performance vulgar. Ela queria ser notada possuída e ao acaso atacava suas vítimas no elevador, na garagem, no carro, no banheiro do shopping. A pedido de muitos que não agüentaram seu fogo, sua insensatez; um dia ela foi dada como louca e foi internada. Todos acharam que ela se curaria, mas, ficou pior e ainda tem desculpa, porque as crianças e os loucos merecem ser perdoados. Hoje ela sai pelas ruas escuras de todos os lugares e cada dia sob um pseudônimo vulgar, ataca e exaspera suas vitimas, até que dêem sua última gota de prazer. Cuidado, ela pode estar próxima a você. Excesso de amor mata!.
Dam Nascimento