Para quem duvida que meia luz, silêncio e observação dão uma boa combinação, leia esta história. A noite as fantasias se soltam, se aquecem chegando quase a combustão e assim pegando fogo começa esta história. Por coincidência do bom e velho destino, a janela do sobrado dos rapazes vinha de encontro com a dimensão total de um suíte. Um dia , no silêncio a meia luz, a descoberta: Podia-se ver uma linda vizinha em seus momentos de intimidade e prazer. Ela chegava da escola por volta de 22:00h e eles apagavam todas as luzes para contempla-la. O prazer inexplicável do voyerismo tomava conta e do outro lado a transição entre a flor da inocência e a malicia. Ela possuía um olhar angelical e um perfil insinuante que condenaria qualquer um ao inferno. Sua pele era clara como a neve e seus traços delicados sobre o contorno de uma boca pequena lhe davam um ar de boneca de porcelana. Os cabelos cacheados e o verde mata de seus olhos tonalizavam um conjunto perfeito. Ficar nua lhe parecia um extremo prazer e sem saber que a olhavam, tirava peça a peça lentamente. A primeira peça a cair era uma blusinha azul que cobria o despertar da essência, seios pontudos, delicados, com mamilos pequenos e levemente rosados. Passava ao longe a impressão de que nunca foram tocados e pela proximidade das casas, subia com o vento o doce aroma de rosas. Em seguida tirava os sapatinhos e logo depois a saia de pregas que mal lhe cobria o joelho. Ela ouvia seus sons joviais e dançava pelo quarto com uma pequena calcinha de renda branca. Seus movimentos eram lentos e sensuais e enquanto dançava lambia um pirulito de morango em forma de coração;do outro lado da janela o suor corria pelos corpos excitados e também divididos entre o prazer e o medo. Eles queriam sair dali,mas, não conseguiam parar de olhar. Sem perder nenhum detalhe, os olhos famintos a acompanhavam no banho e a imaginação clamava por justiça. Eles queriam ser aquele sabonete cremoso que deslizava sobre sua pele macia, queriam ser aquela toalha curtinha com o nome Camila bordado e mais ainda a buchinha de pêssego que passava levemente ao redor do umbigo e corria pela trilha do prazer. A sensibilidade deles estava a flor da pele, seus corpos queimavam e no aceitavam nenhum botão fechado na roupa; o desejo os conseguia de forma cega e voraz e ela continuava o ritual. Linda, livre como veio ao mundo, iluminada pelas estrelas apenas, passava hidratante em seu corpo, singelamente , como quem sonhava ser olhada, ser tocada por um estranho, ter destruída sua inocência, ser despetalada como uma flor. Em movimentos circulares se massageava aos poucos e ouvia-se sussurros do outro lado; eles estavam entrando em êxtase e a mão dela descia lentamente. Ao chegar em seu objetivo ainda em movimentos circulares se acariciava e se movia sobre a cama enquanto mordia os lábios vermelhos e virava os olhos lentamente até explodir de prazer e adormecer como uma criança que ainda não conhece a vida e a brincadeira durou semanas, dias, meses até que eles precisaram mudar, mas, tenho certeza, ninguém escapará ao prazer daquela janela indiscreta.
Dam Nascimento